Vale do Reno, situado entre as cidades de Mainz e Koblenz, na Alemanha.
A hidrografia é o ramo da geografia física que estuda as águas do planeta, abrangendo portanto rios, mares, oceanos, lagos, geleiras, água do subsolo e da atmosfera. A grande parte da reserva hídrica mundial (mais de 97%) concentra-se em oceanos e mares, com um volume de 1.380.000.000 km³. Já as águas continentais representam pouco mais de 2% da água do planeta, ficando com um volume em torno de 38.000.000 km³. A seguir, vamos explorar ainda mais esse tema tão importante para a atualidade.
Geomorfologia fluvial
A origem dos rios vincula-se à maneira como recebem as águas. Alguns têm origem nival – formados e alimentados pelas águas que surgem do degelo das neves de regiões montanhosas, e há os que têm origem pluvial, ou seja, formam-se com as águas das chuvas.
Existem rios que nunca secam, denominados de perenes. Já outros rios são temporários ou intermitentes, apresentando águas apenas num período do ano; nas épocas de seca, essa água desaparece.
A área de drenagem da rede hidrográfica é chamada de Bacia Hidrográfica, formada por um rio principal, seus afluentes e todas as terras banhadas por eles. Algumas bacias têm o rio principal desaguando no mar, chamadas de exorreicas, enquanto outras têm o curso direcionado para o interior do país ou dos continentes, denominadas de endorreicas.
O caminho que o rio percorre sobre o relevo é denominado de curso do rio, e vai sempre do local mais alto para o mais baixo. A desembocadura dos rios, ou seja, o ponto onde termina o seu curso, é chamada de foz. Existe a foz em estuário, uma desembocadura larga e profunda, com apenas um canal de escoamento, e a foz em delta, marcada pela formação de vários canais por onde as águas são escoadas.
Hidrografia no Brasil
Os rios brasileiros são predominantemente perenes. Os que não são perenes ocorrem na Região Nordeste, onde as prolongadas secas levam a maior parte dos rios a secar durante alguns meses.
Prevalece nos rios brasileiros um regime pluvial tropical, com vazantes no inverno e cheias no verão. O tipo de drenagem mais comum é a exorreica, ou seja, os rios geralmente deságuam no mar. Pelo fato de o relevo ser predominantemente planáltico, atravessando áreas de relevo acidentado, a maior parte de seus rios apresenta navegabilidade reduzida, ao mesmo tempo que possui elevado potencial para a instalação de usinas hidrelétricas.
A maior bacia brasileira é a Amazônica. Seus rios atravessam extensas áreas de relevo suave, potencializando sua utilização no transporte de cargas e pessoas. Essa bacia detém vários recordes, sendo um deles o de apresentar o maior volume de água do planeta. É também a bacia que apresenta o maior potencial hidrelétrico do país.
A maior bacia situada totalmente no Brasil é a do Tocantins-Araguaia. Atravessa terras dos estados de Goiás, Mato Grosso, Pará, Maranhão e Tocantins, drenando 9,5% do território nacional. Nela foi construída uma das maiores hidrelétricas do país, a usina de Tucuruí.
A bacia do São Francisco é a segunda maior bacia totalmente situada em território nacional. Nasce em Minas Gerais, na serra da Canastra, e tem grande relevância, pois o São Francisco é um rio perene que atravessa áreas muito secas da Região Nordeste. Nos últimos anos, o governo federal intensificou o projeto de transpor parte das águas desse rio a fim de irrigar extensas áreas no interior nordestino. Essa bacia conta com rios que apresentam vários trechos navegáveis, como também muitas quedas-d'água, fato que permitiu a instalação de algumas usinas.
A bacia Platina é dividida em três sub-bacias: Paraná, Paraguai e Uruguai. Localizada próximo à mais importante região brasileira em termos econômicos, tem o maior número de usinas geradoras de eletricidade, destacando-se a de Itaipu.
Geopolítica dos recursos hídricos
A água está distribuída de forma desigual no mundo. Existem regiões onde há grande quantidade desse recurso natural por habitante, enquanto em outras predominam ambientes mais secos. Vários países localizados no norte da África, no Oriente Médio e na Ásia Central têm baixa disponibilidade de água. Outros, como Estados Unidos e Austrália, possuem elevada quantidade de água doce por pessoa. No entanto, mesmo nestes países a maior parte dos seus recursos hídricos concentra-se em algumas porções do território, enquanto outras são muito secas.
Alguns países compartilham suas águas, seja de rios que atravessam territórios, seja de lagos localizados em regiões fronteiriças. Segundo a ONU, cerca de 40% da população mundial vive em bacias hidrográficas partilhadas. Os povos que moram a montante beneficiam-se do fato de poder usar as águas das nascentes, enquanto aqueles que moram a jusante ficam vulneráveis a desvios e barreiras e sujeitos aos abusos, como a poluição das águas. Essas situações aumentam as tensões entre os países envolvidos, obrigando-os a formular acordos em que estabelecem a quantidade máxima de água que cada um pode retirar.
Reservatórios subterrâneos
Parte da água das chuvas penetra nos solos, possibilitando a formação das chamadas águas subterrâneas ou lençóis freáticos. Esse processo decorre da estrutura das rochas que compõem os solos, que muitas vezes possuem espaços vazios interligados, denominados poros. Quando as águas das chuvas caem sobre a terra, o solo as absorve como se fosse uma esponja, preenchendo os poros e armazenando-as em suas camadas mais profundas. As formações geológicas que armazenam a água em seus poros são chamadas de aquíferos.
Na América do Sul existe um dos maiores sistemas aquíferos do mundo, o Aquífero Guarani. Principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul, o Aquífero Guarani tem uma área total de 1,2 milhão de km², equivalente aos territórios da Alemanha, França e Itália juntos. O Brasil possui em seu território a maior parte dessa reserva, quase 70% da área total, abrangendo os estados de Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Rio Grande do Sul. Suas águas poderão abastecer esses vários estados, no entanto pesquisas recentes confirmam que ele vem sendo poluído velozmente, devido à infiltração de produtos químicos utilizados na agricultura (pesticidas) e de metais liberados pela indústria.
Bacias hidrográficas mundiais
Os rios europeus são predominantemente de planície, o que facilita o uso dessas águas para a navegação. Um dos rios mais importante desse continente é o Reno, que nasce nos Alpes suíços, corta terras francesas, alemãs e holandesas, até desaguar no mar do Norte, próximo ao porto de Roterdã – maior zona portuária do continente.
Com relação à hidrografia da América do Norte, observa-se que ela é muito rica em formações lacustres (lagos), em sua maior parte de origem glacial, e em rios de grande porte. Dentre as bacias hidrográficas mais importantes, destacam-se a do São Lourenço, na vertente atlântica, muito utilizada no transporte de cargas que beneficia a economia canadense; e a dos rios Mississipi-Missouri, na vertente do golfo do México, atravessando importante região agrícola dos Estados Unidos, muito usada no transporte de alimentos e também na irrigação.
Já o continente africano é rico em formações lacustres, porém relativamente pobre em rios, apesar da ocorrência em seu território de alguns dos maiores cursos fluviais do mundo. Os principais rios são o Nilo, o maior dos rios africanos, e o Congo, que se destaca como o rio de maior volume de água no continente. São, em sua maior parte, planálticos, daí a ocorrência de muitas quedas-d’água e, consequentemente, seu grande potencial hidráulico.
As planícies chinesas são drenadas pelos rios Huang Ho (Amarelo), Yangtzé (Azul) e Si-kiang (das Pérolas). Possibilitam grande produção agrícola, com destaque para o arroz e o trigo.